A defensora Renata Rieger durante atendimento à assistida Rosângela Gonçalves, em Paraty

 

Rosangela Gonçalves, de 45 anos, é cadeirante e precisa de cuidados diários com sua saúde. Moradora da Praia de Curupira, uma comunidade isolada em Paraty, e sem condições de se deslocar em busca de atendimento médico, Rosângela conta com apoio de vizinhas e vizinhos para sobreviver. 

É a vizinhança, por exemplo, que se solidariza com a situação da mulher e a ajuda a fazer refeições e a cuidar da sua higiene pessoal. A necessidade de ajuda constante deixa Rosângela, que mora sozinha, sem se alimentar por diversos dias. 

A história de Rosângela Gonçalves, no entanto, cruzou com a rota da equipe da DPRJ durante uma edição do projeto Defensoria nas Ilhas, realizada em setembro. Foi então que sua vida começou a mudar. 

Para chegar até a casa da assistida, a equipe da Defensoria trilhou um caminho que Rosângela não faria por conta própria de cadeira de rodas. Na simples casa de alvenaria, a defensora Renata Rieger ouviu a história contada por Rosângela para entender as necessidades da caiçara.

—  É muito difícil sair de casa. Nunca um médico veio aqui. Dificilmente recebo visitas. Quero fazer um exame de vista, uma limpeza no meu dente, mas não posso. Só fico sentada na cadeira o dia inteiro, porque não sei ler, escrever, não tenho televisão, internet, celular e também não tenho condições de cozinhar. Quando quebrei o braço, me levaram até Paraty, porque aqui não tem atendimento — disse Rosangela, emocionada com a visita.

Para solucionar os problemas vividos pela assistida, a defensora Renata Jardim da Cunha Rieger, titular da comarca de Paraty, enviou ofícios à prefeitura e cobrou ações da Secretaria de Saúde. Depois disso, a Secretaria enviou um médico e um enfermeiro para assistir Rosangela, além de levá-la para uma consulta odontológica e tratamento de catarata. Médicos, trazidos por conta própria pelos veranistas, também a visitaram para uma consulta oftalmológica.

Renata Rieger destaca que a história de Rosangela demonstra a importância do projeto Defensoria nas Ilhas ao levar com atendimento jurídico gratuito e inspeções periódicas às regiões em que vivem pessoas em situação de vulnerabilidade. 

— O projeto aproxima a instituição de comunidades afastadas, que não conseguem ter acesso à justiça. Rosangela estava invisibilizada pelo aparato estatal e agora é acompanhada pela Defensoria. Ainda é preciso fazer muito pela região costeira de Paraty e especialmente por essa mulher, para que ela tenha direitos garantidos e os exerça como cidadã — conclui Rieger.



VOLTAR