A Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) realizou, na última sexta-feira (19), as inscrições para a 2º edição do curso de formação de Defensoras Populares. Desta vez, o projeto vai acontecer na sede da DPRJ em São Gonçalo, localizada na Rua Francisco Portela, 2.775, no bairro Zé Garoto, a partir do dia 2 de agosto. 

Com o objetivo de se aproximar da população, em especial as mulheres periféricas, o curso tem como a principal temática a educação em direitos e a discussão sobre assuntos relacionados à realidade da mulher na sociedade brasileira.  Para a subcoordenadora de Defesa dos Direitos da Mulher, defensora Matilde Alonso, a proposta da Defensoria não é trabalhar em cima de leis, mas sim com a demanda que essas mulheres apresentam.

– O projeto nada mais é do que um debate de mulher para mulher, onde essas mulheres possam ter o seu lugar de fala e se sintam confortáveis para colocarem as suas questões e necessidades em pauta – afirmou.

Mais de 50 mulheres se inscreveram para participar dos encontros, onde serão debatidas questões relacionadas à saúde da mulher, gênero e diversidade sexual,  aspectos étnico-racial do movimento de mulheres, questões sobre direitos civis e até mesmo as questões das mulheres em cárcere. 

A professora Sara Figueredo, de 72 anos, contou durante a inscrição que resolveu participar do projeto para compartilhar os conhecimentos adquiridos durante o curso com as alunas das escolas em que leciona. 

– Debater sobre esse tema é um ato que pode fazer a diferença na vida de todas nós. A gente precisa discutir mais sobre o nosso corpo, as nossas vivências e os nossos direitos e fazer com que esses debates cheguem a todas as mulheres. 

Violência contra a Mulher 

Segundo dados do Dossiê Mulher, realizado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), São Gonçalo é o quarto município do Estado do Rio em números de denúncias de violência contra a mulher. Em 2018 foram contabilizados 1628 casos de lesão corporal, 229 casos de estupro, 1561 de ameaça e 1160 casos de violência moral.

Pensando nisso, um dos pontos principais do curso é que essas mulheres reconheçam a Defensoria dentro do sistema de justiça, compreendam seu funcionamento e sua estrutura, e que possam, a partir de então, reconhecer os tipos de violência contra a mulher e fazerem valer os seus direitos. 

- A ideia é que essas mulheres terminem o curso com uma formação que permita que elas possam atuar em seus territórios e em seus espaços, perpetuando os saberes adquiridos ao longo dos encontros e auxiliando outras mulheres sobre as questões de garantia de direitos – explicou a antiga Coordenadora de Defesa dos Direitos da Mulher, defensora aposentada Arlanza Rebello. 

Defensoras Populares

A primeira edição do curso de formação de Defensoras Populares aconteceu em 2017 na sede da DPRJ em Campo Grande, zona norte do Rio. No total, 25 mulheres receberam o certificado de Defensoras Populares e atuaram na 1ª Ação Social com as Defensoras Populares da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro que aconteceu em Nova Sepetiba, loteamento popular do bairro de Sepetiba, zona Oeste do Rio.

O curso de formação de Defensoras Populares é realizado com o apoio do Centro de Estudos Jurídicos (CEJUR) e da Fundação Escola Superior da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (FESUDEPERJ).



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