Josiane Martins é moradora da Baixada Fluminense há mais de 35 anos. Jô, como é mais conhecida, tem sua história marcada de forma trágica. Mãe de dois filhos, ela se viu só após os dois rapazes serem mortos em operações policiais na comunidade onde mora. Apesar do luto, ela decidiu transformar a tristeza em solidariedade. 

— Há quatro anos, eu perdi um filho, que se chamava Daniel Martins, por uma operação policial. Agora em 2022, no dia 26 de setembro, eu vivi o mesmo pesadelo. Meu segundo filho, Davi de Lima, também foi vitimado pelo estado. Mesmo assim, sigo aqui, do luto à luta por outras mães e mulheres que não têm voz e por aqueles que o estado calou. Eu sou a voz daqueles que não têm fala, afirma a fundadora do Coletivo Filhos no Colo do Pai.

A fala de Josiane ecoou entre as muitas histórias que se encontraram na quinta formatura do Acesso à Justiça nos Territórios, realizada no último sábado (12) em Belford Roxo, baixada fluminense. A cerimônia marcou a entrega de mais 58 certificados de “Parceiras e parceiros da Defensoria”, nome dado a quem conclui o curso de formação oferecido pelo programa. 

— Hoje nós temos aqui um sentimento de missão cumprida, de fazer com que esse espaço em Belford Roxo seja ocupado por formação, por acesso, por direito. Quando a Defensoria vem aqui, mostra que estamos seguindo no caminho certo, pois agora a gente está vendo uma instituição que acredita no potencial das lideranças da baixada fluminense, afirmou a fundadora e gestora da ONG ‘Sim eu sou do Meio’, Débora Silva.

O Acesso à Justiça nos Territórios é desenvolvido pela Ouvidoria Externa e pela Coordenadoria Geral de Programas Institucionais (COGPI), e tem como foco localidades onde há falta de serviços públicos de qualidade, além de outros fatores que dificultam que cidadãs e cidadãos consigam acessar o sistema de justiça. Até o momento, mais de 100 representantes de coletivos já foram formados pelo programa. 

- A formatura de mais de 50 lideranças da baixada fluminense é fundamental para essa rede de práticas de acesso à justiça que precisa incidir com muita intensidade e capilaridade em todos os lugares onde acontecem injustiças no Rio de Janeiro. Junto com a sociedade civil, os órgãos da Defensoria poderão atuar com mais eficiência entregando o melhor serviço possível à população, conclui o ouvidor-geral da DPRJ, Guilherme Pimentel. 

Veja as fotos da formatura aqui.



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