Ouvidor Geral, Guilherme Pimentel, e o coordenador do Nudiversis,
defensor Hélder Moreira, atendendo a mãe da vítima

 

A família de Valentina Reis, mulher trans que morreu após ser violentamente atacada em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no inicio de outubro, está sendo assistida pelo Núcleo de Defesa dos Direitos Homoafetivos e Diversidade Sexual (Nudiversis) da Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ).

Aos 37 anos, Valentina trabalhava como designer de unhas e teve morte cerebral confirmada no dia 15 de outubro, após ficar internada no Hospital Geral de Nova Iguaçu. A agressão aconteceu na véspera do feriado do dia 12 de outubro, após fazer compras em um mercado no bairro onde mora, em Xavantes.

De acordo com parentes, dois homens, que seriam ligados à segurança do estabelecimento, espancaram Valentina na esquina de casa, com a justificativa de uma suspeita de furto de um sabonete. O sobrinho, de apenas 10 anos, viu a cena e chamou os familiares que saíram correndo para ajudar. Os agressores teriam reagido com violência com a mãe, Luciene Rodrigues, que tentou intervir.

- Eles disseram que tinham ido para matar mesmo. Estamos muito abalados com essa violência. Levamos para o hospital, mas ela não resistiu. Ficamos sem saber como agir, até conseguir contato com a Defensoria, por meio da Ouvidoria, e agora estamos recebendo assistência e todo cuidado - relatou a mãe.

O caso foi registrado na 58ª DP (Posse) e será acompanhado pelo núcleo especializado da Defensoria. O coordenador no Nudiversis, defensor Hélder Moreira, atendeu pessoalmente a família para prestar assistência especializada nesse caso de transfeminicídio e explicou que a assistência não se restringe apenas ao âmbito criminal.

- Vamos fazer o acompanhamento da fase de inquérito policial, para saber como está sendo conduzido, e, posteriormente, prestar assistência qualificada no processo criminal. Vamos, também, dar assessoria aos familiares no que precisarem e fazer a requalificação pós morte da Valentina, para ela ter a retificação do nome tanto na certidão de nascimento quanto na certidão de óbito - esclareceu o coordenador.

NÚCLEO ESPECIALIZADO

Um levantamento realizado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) revelou que, em 2022, 131 pessoas trans foram assassinadas no Brasil. Outras 20 tiraram a própria vida. E o país lidera o ranking com mais mortes de trans no mundo.

Diante dessa realidade, o Nudiversis atua na defesa individual e coletiva dos direitos das pessoas LGBTQIAP+ e busca fomentar e monitorar a política pública destinada a promover a igualdade deste grupo populacional.

Além disso, a coordenação do Nudiversis tem a função de auxiliar e dar suporte às defensoras e defensores em atuação em todo o Estado do Rio de Janeiro nos casos relacionados ao tema.

 

Foto e texto: Jaqueline Banai



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