Pessoas privadas de liberdade foram atendidas pela DPRJ. Crédito: Ronaldo Junior



Nesta segunda-feira (12), os portões do Presídio Evaristo de Moraes, em São Cristóvão, abriram para a chegada de dignidade, cidadania e reconhecimento. A unidade prisional recebeu a iniciativa “Registre-se”. Ao todo, 207 pessoas foram atendidas durante o dia. Além das 15 requalificações civis, a ação, que contou com a integração entre Defensoria Pública, Detran-RJ, SEPEC-TJ e Ministério Público, celebrou nove casamentos e ofereceu serviços de emissão e regularização de documentos, certidões e orientações jurídicas diversas.

A realização de requalificações civis, processo que assegura a atualização do nome e do gênero nos documentos oficiais, foi um dos destaques do dia. O Núcleo de Defesa da Diversidade Sexual e Direitos Homoafetivos da Defensoria (Nudiversis) atuou diretamente nesses atendimentos. A Defensora Pública Fernanda Lima, que coordenou a atividade, destacou o impacto do momento:

— Estamos garantindo que essas pessoas possam ser reconhecidas como são. É um ato de cidadania e dignidade que começa no cumprimento da pena, mas reverbera para toda a vida — comentou a defensora Fernanda Lima.
 

Ao todo, 15 mulheres trans foram atendidas na ação. Crédito: Ronaldo Junior


Entre as histórias comoventes, está a de Victoria Santos Silva, de 25 anos. A jovem mulher trans mal conseguia conter a emoção diante dos novos documentos:

— Tudo novo! CPF, RG, certidão de nascimento... Agora além do nome da minha mãe, tenho o nome do meu pai também nos meus documentos — disse, entre lágrimas e sorrisos.

Ao seu lado, a amiga Julia Nunes de Amorin, 23, celebrava a conquista:

— Eu já sou Júlia desde que nasci, mas oficialmente tem pouco tempo. Tô feliz de ver minha amiga vivendo isso também.
 

Márcio e Natasha oficializaram a união após 16 anos. Crédito: Ronaldo Junior


A manhã também foi marcada pelo amor formalizado de um casal que compartilha a vida há mais de uma década. Natasha, de 35 anos, e Márcio da Cunha, de 36, disseram “sim” oficialmente após 16 anos de união. Religiosos, o casal trocou alianças sob o olhar atento da equipe da Defensoria.

Márcio, que cumpre pena no regime semiaberto e já pode sair para o trabalho e convívio familiar, estava visivelmente emocionado:

— Espero que agora a gente consiga melhorar nossas vidas. Quero ficar perto da minha família e cuidar da minha filha — declarou.

Natasha, com as mãos entrelaçadas às de Márcio, completou:

— Nossa filha sempre diz que a gente começou errado, que todo casal tem que casar antes de ter filhos. Hoje a gente resolveu isso, né, amor?! — completou, enquanto sorria para o marido.
 

Texto: Melissa Rachel Cannabrava



VOLTAR