A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ), por meio do seu Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh), realizou nesta terça-feira (19) uma ação social em prol do Dia Nacional da Luta e Luto da População em Situação de Rua. A iniciativa aconteceu na Paróquia Nossa Senhora da Conceição e São José, no Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio, e reuniu diversas instituições parceiras que ofereceram serviços e atividades às pessoas em situação de rua.

Ao longo do dia, foram disponibilizados banhos e cuidados de higiene pessoal, distribuição de roupas, café da manhã e almoço, além de atividades culturais e rodas de conversa. Também houve orientação jurídica prestada pela Defensoria e encaminhamentos para serviços de saúde e assistência social, entre outros atendimentos.

A Defensora Pública e Subcoordenadora do Nudedh, Cristiane Xavier, esteve presente e destacou o compromisso da instituição com a defesa da vida e da dignidade das pessoas em situação de vulnerabilidade. Em sua fala, relembrou ainda o Massacre da Praça da Sé, ocorrido em São Paulo, quando sete pessoas em situação de rua foram brutalmente assassinadas enquanto dormiam.

— Reafirmamos nosso compromisso com a defesa da vida, da dignidade e dos direitos humanos das pessoas em situação de rua, que seguem marginalizadas e invisibilizadas pelo poder público. Vinte anos depois do Massacre da Praça da Sé, ainda seguimos denunciando o abandono institucional, a violência policial e a exclusão social que atingem milhares de pessoas em todo o país — afirmou a Defensora Pública Cristiane Xavier.

A ação integra o projeto Nudedh Pop Rua Itinerante, desenvolvido em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro. Nesta edição, o evento contou com a presença do Posto Avançado DPRJ/Detran, que realizou a emissão de carteiras de identidade, além do apoio do Núcleo de Atendimento Assistencial (Naas), do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Sobral Pinto, da Secretaria Municipal de Saúde e de coletivos e entidades sociais, como o grupo Loucura Suburbana, primeiro bloco carnavalesco ligado à saúde mental.

A mobilização envolveu voluntários, profissionais de diferentes áreas e equipes técnicas, que atuaram para garantir atendimentos ágeis, organizados e pautados no respeito à dignidade das pessoas assistidas.

Entre os participantes, estava a moradora em situação de rua Perla Cristina Cerqueira, de 48 anos, que além de atualizar seu cadastro no Cadastro Único (CadÚnico), compartilhou o desejo de conquistar um espaço seguro para viver com os filhos.

— Eu vim aqui para verificar meu CadÚnico, mas o que eu realmente quero é sair da rua. Viver na rua é muito ruim: é frio, maldade e covardia. Tenho filhos e não posso ficar muito tempo nas ruas com eles. Quero um lugar seguro para ficar — relatou.

O Dia Nacional da Luta e Luto da População em Situação de Rua marca não apenas a memória das vítimas de violência, mas também a urgência de reconhecer a luta cotidiana de homens e mulheres que seguem invisíveis aos olhos da sociedade. Para a Defensoria Pública, cada pessoa em situação de rua carrega uma história, talentos e sonhos, e a reinserção social deve ser garantida como um direito. Com políticas públicas consistentes e humanas, é possível devolver dignidade e esperança, reafirmando que ninguém pode ser deixado para trás.

Texto: Leonara Moura.



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