A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ) teve, na quarta-feira, 8 de outubro, uma tarde um pouco diferente. Em vez de direito, literatura. Foi realizada a primeira roda de conversa com o tema “Ciclo de debate sobre a força da literatura feminina desde Jane Austen”. O evento, que contou majoritariamente com Defensoras, aconteceu na Fundação Escola Superior da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (Fesudeperj). 

Conhecida por seu pioneirismo no uso de novas técnicas da escrita, Jane Austen revolucionou a literatura ao descrever, com ironia e sensibilidade, as relações sociais de sua época. Sua obra se destaca especialmente por suas protagonistas femininas complexas, inteligentes e sarcásticas, cujas questões até hoje se mostram atuais.

A tarde teve a presença da autora Cristiana Rodrigues, que já concorreu ao prêmio Jabuti com seu romance "Vastidão” e com Elisa Soupin, servidora da Diretoria de Comunicação (DCOM) e bacharel em Literatura Inglesa pela UERJ. O encontro teve como objetivo estimular o diálogo e valorizar a literatura feminina como espaço de expressão e resistência e reuniu Defensoras Públicas de diferentes gerações, que trocaram experiências e debateram como uma obra escrita há mais de dois séculos segue fazendo tanto sucesso. 

— É essencial ler mais mulheres, manter vivas as vozes femininas na literatura. Nenhum homem vai conseguir descrever uma gravidez como uma mulher. Existem situações que só podem ser contadas pelo ponto de vista feminino. — disse a autora Cristiana Rodrigues, que contou sobre seu processo íntimo de escrever auto-ficção. 
 

— É interessante ver como, 250 anos depois, a escrita dessa autora continua trazendo tanta identificação. A gente espera que, com o tempo, o cenário se torne melhor para as mulheres que vão chegar — disse a servidora Elisa Soupin. 

A Subdefensora Pública-Geral Institucional​, Suyan dos Santos Liberator, elogiou a iniciativa e a chance de falar sobre literatura com outras defensoras e compartilhar experiências. 

— Eventos como esse são importantes para nos tirar do lugar comum. Precisamos sair do nosso universo jurídico para identificar nossos pontos fortes e onde podemos crescer, levando esse olhar para outras carreiras e principalmente em posições de chefia. O jeito feminino tem um lado acolhedor e cuidadoso, mas isso não é fraqueza, é força! — afirmou. 


A Defensoria Pública do Rio de Janeiro é uma instituição que foge às regras do meio jurídico e tem as mulheres como maioria de seus membros, representando em média 70% do total do quadro de servidores. 

Texto: Rafaela Jordão 



VOLTAR