Crédito: Ronaldo Junior/DPRJ


Evento da Defensoria Pública lança cartilha e projeto Mutirão Raízes, com entrega humanizada de laudos de DNA e ações de mediação e conciliação familiar

Em um sábado ensolarado no Parque Madureira, o POMAR — Polo de Mediação e Ações Restaurativas da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro — transformou um dos espaços mais movimentados da Zona Norte em um lugar de reencontros, afeto e reconstrução de vínculos. O evento “Te vejo no Pomar”, realizado no dia 25 de outubro, marcou o lançamento da cartilha do POMAR e do projeto Mutirão Raízes, iniciativa voltada à entrega humanizada de resultados de exames de DNA e à oferta de mediação e conciliação familiar.

Sob a sombra das árvores e o som das brincadeiras infantis, histórias de vida se entrelaçaram com a atuação sensível da Defensoria. Famílias receberam laudos de paternidade e, com eles, o apoio de Defensoras(es) e mediadoras(es) que acolheram, orientaram e ajudaram a reconstruir relações.

— Foi um dia de muita emoção e alegria para nós do POMAR — contou a Defensora Pública Larissa Davidovich, uma das idealizadoras do projeto. — Lançamos uma cartilha de educação em direitos que explica, de forma lúdica, que há muitas maneiras de resolver conflitos, não necessariamente pela via judicial. O POMAR é esse grande polo de práticas consensuais e dialógicas, que oferece outros caminhos: o caminho da conversa, do cuidado e do acolhimento — comentou.

A atividade reuniu Defensoras(es), servidoras(es), parceiros e dezenas de famílias atendidas. Enquanto algumas aguardavam o momento de receber o laudo genético, outras participavam de rodas de conversa, mediações e até de recreação com as crianças, que tiveram direito a circo-teatro, pula-pula, algodão-doce e distribuição de brindes.

 

Crédito: Ronaldo Junior/DCOM


A Defensora Pública Ana Rosenblatt, coordenadora do POMAR, destacou o caráter restaurativo da ação:

— A entrega do laudo é sempre um momento de emoções muito fortes — há alegria, alívio, mas também confusão,  surpresa e dor. Quando essas emoções são legitimadas e cuidadas, as famílias se fortalecem. O POMAR investe em transformar a entrega do laudo em um espaço acolhimento. O Mutirão Raízes foi pensado nesse sentido. — explicou.

Entre as famílias atendidas, histórias de reencontros e recomeços emocionaram. Rafaela da Silva Matos, de 24 anos, e Felipe Freitas, de 25, receberam juntos o laudo que confirmou a paternidade do pequeno Théo. O casal se conheceu no ensino médio e se reencontrou anos depois. Rafaela, que já conhecia o trabalho da Defensoria Pública por buscar atendimento em outras situações familiares, sabia que era possível realizar o exame de DNA gratuitamente pelo órgão:

— Ele pediu o exame, e quando chegou o resultado, veio a certeza. A gente ficou muito feliz — contou Rafaela.

Felipe, emocionado, completou:

— Sempre foi meu sonho ser pai. Agora quero ser o melhor possível para o meu filho e fazer por ele tudo o que eu não tive. E olha pra ele, é a minha cara! — comentou orgulhoso, com o filho nos braços.
 

Crédito: Ronaldo Junior/DPRJ


Em outro atendimento, o reencontro entre Daniel Ramos, de 37 anos, e a filha Maria Eduarda, de 11, comoveu a todos. Após mais de uma década sem contato, o exame confirmou o laço biológico e abriu caminho para a construção de uma nova relação.

— Quando recebi a notícia, foi um turbilhão de sentimentos: raiva, alívio e emoção. Mas, no dia seguinte, no aniversário dela, eu fui conhecê-la. Desde então, estamos juntos — contou Daniel.
Histórias como essas dão sentido à atuação do POMAR, que promove uma justiça humanizada e restaurativa. Além de garantir direitos, o projeto aposta no diálogo como instrumento de transformação social.

— Por trás de cada laudo existe uma história, e por trás de cada história existe uma pessoa. Nosso papel é acolher todas elas, com suas emoções, dores e alegrias — resumiu a defensora Larissa Davidovich. — O POMAR é sobre isso: cuidar das pessoas, das relações e das famílias — completou.

Texto: Melissa Rachel Cannabrava



VOLTAR