DPRJ debate racismo ambiental em favelas e lota estande na COP30

A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro transformou seu estande na COP30 em um dos espaços mais movimentados da Green Zone. A roda de conversa “Racismo ambiental e climático: desigualdades em tempos de crise”, realizada na quinta-feira (13), reuniu um público diverso e atento para discutir como as mudanças climáticas impactam de forma desproporcional os territórios mais vulneráveis — e como políticas públicas ainda ignoram quem vive nesses locais.
Mediada pelos Defensores Públicos Fábio Schwartz e Lucas Nunes, a mesa teve como convidado central o ativista Rene Silva, fundador da ONG Voz das Comunidades, do Complexo do Alemão. Com a experiência de quem vive e atua nas favelas, ele mostrou como o racismo ambiental opera no cotidiano e como o poder público segue adotando respostas apenas reativas às tragédias.
— É possível pensar em prevenção quando falamos de mudanças climáticas e racismo ambiental, mas isso depende de olhar para os problemas sociais e reconhecer soluções que já existem dentro dos próprios territórios — afirmou Rene.
Ele relatou reportagem produzida pelo Voz das Comunidades em uma área do Complexo do Alemão onde, sem coleta de lixo, moradores eram obrigados a queimar resíduos diariamente. A fumaça causava graves problemas respiratórios, situação confirmada pela clínica da família local. A denúncia foi levada à Companhia Municipal de Limpeza Urbana, que criou uma moto com mini caçamba para atender o local — solução que deixou de existir após mudança de gestão e não se tornou política pública.
O estande ganhou ainda mais energia com a chegada da deputada Benedita da Silva, convidada a compor a mesa e compartilhar sua visão histórica sobre o tema. Sua presença atraiu profissionais, estudantes, ativistas e representantes internacionais.
— O que prejudica a favela é a falta de saneamento, não o fato de ser favela. Eu continuo dizendo favela. Só será comunidade quando houver segurança e respeito como os demais territórios — afirmou Benedita.
Defensoria reforça compromisso na COP30
O Defensor Público e Coordenador de Saúde, Fábio Schwartz, destacou que a presença da Instituição na COP30 é estratégica para reafirmar que justiça climática também integra a agenda do sistema de justiça brasileiro.
— A Defensoria Pública está aqui para afirmar que a desigualdade ambiental tem rosto, território e cor. Garantir direitos nesses espaços é também garantir resposta às mudanças climáticas — disse.
O Defensor Público do 8° Núcleo de Tutela Coletiva, Lucas Nunes completou, ressaltando a importância de ampliar o diálogo com movimentos sociais e lideranças comunitárias, aproximando a agenda climática da vida real.
Texto: Melissa Cannabrava.
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